terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Os primeiros balnços da produção historiografica no Brasil

Os primeiros trabalhos dedicados a analise da teoria e método da disciplina História, produzidos no Brasil, foram feitas pelo historiador José Honório Rodrigues, suas análises da historiografia brasileira têm início no final dos anos 40. Segundo Francisco Iglésias:

É exatamente nesse ano de 1949 que começa a produção de J. Honório, com vista à história como ciência e analisando em conjunto a teoria da História do Brasil em edições posteriores o livro seria ampliado e melhorado, embora se mantendo as linhas gerais. (2000, p. 26.)
Devido ao conjunto de sua obra, José Honório Rodrigues é considerado o grande precursor da análise da teoria e dos métodos em História.
No final dos anos 60, o historiador J.R.A. Lapa irá discutir a produção historiográfica brasileira contemporânea, a partir da criação das instituições universitárias criadas no início dos anos de 1930. Neste sentido, o estudo do professor Lapa ressalta a grande importância do estudo da teoria e do método nos estudos historiográficos. Na sua obra é destacada a grande importância da institucionalização dos estudos históricos em nível universitário no país, esse fato marca o surgimento da historiografia brasileira e também o seu amadurecimento.
Os estudos que têm como objeto de análise periódicos de História vêm aumentando no Brasil significativamente. Trabalhos como o livro da professora Ângela de Castro Gomes, História e Historiadores por exemplo, discutem o trabalho dos historiadores, tendo como objeto a produção histórica não profissional, para isso, usa como fonte de dados o suplemento literário do jornal A Manhã, Autores e Livros, e a revista mensal de estudos brasileiros publicada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), Cultura Política, todos circularam entre os anos de 1941 a 1945.
O texto da Professora Maria de Lourdes Mônaco Janotti, denominado: O Diálogo Convergente: Políticos e Historiadores no Início da República, levanta questões a respeito das mudanças na tendência metodológicas dos historiadores brasileiros ocorridas no Brasil a partir dos anos 70. A autora afirma que as mudanças mais profundas na produção dos historiadores ocorrerão no início dos anos 80, quando os historiadores receberam fortes influências da “Nova História Francesa”. Para Janotti, este fato levou os historiadores a deixarem de utilizar o vocabulário marxista e adotaram um discurso voltado para a “História das Mentalidades”.
Buscando analisar a historiografia, não só no âmbito nacional, mas dentro de uma perspectiva mais ampla, o professor Rogério Forastieri Silva desenvolve um estudo que analisa a historiografia de modo geral, publicando o livro História da Historiografia. Nesse livro o autor direciona seu estudo no sentido de constituir uma História geral da historiografia e, simultaneamente, situar a Nova História Francesa nos quadros das principais tendências da historiografia contemporânea.
Tendo como objeto de análise A Escola dos Annales e A Nova História Francesa, autores como Peter Burke e Fraçois Dosse, cada um à sua maneira, tiveram grande êxito em trabalhos realizados no início dos anos 1990.
Dosse procurou em sua História em Migalhas, fazer uma apreciação ampla dos aspectos ideológicos que envolviam as tendências historiográficas francesas. Questiona incansavelmente os integrantes da Nova História, principalmente os historiadores que se intitulavam a terceira geração dos Annales.
Burke, por sua vez, descreve, analisa e avalia a “escola” dos Annales de forma simples em seu livro, A Escola dos Annales de 1929 a 1989. Assim, nos permite tomar conhecimento e compreender algumas questões da historiografia contemporânea e dos historiadores vinculados, direta ou indiretamente à História Nova francesa.
Ainda dentro dos embates da historiografia francesa contemporânea, o livro de entrevistas da professora Márcia Mansor D’ Alessio, Reflexões sobre o saber histórico, retoma a discussão em torno dos domínios da História durante os anos de 1970. A partir de entrevistas com historiadores como: Pierre Vilar, Michel Vovelle, Madeleine Rebérioux que expressam suas opiniões a respeito dos embates sobre a historiografia contemporânea, principalmente durante a década de 70, quando as agitações intelectuais no campo da historiografia são provocadas pelas práticas políticas do mundo socialista, cujos vícios e impasses, colocaram em discussão a mais bem–sucedida teoria da História , o marxismo. D’Alessio (1988 p.14)

sábado, 25 de outubro de 2008

As Primeiras Revistas Universitarias do Interior do Estado de São Paulo.

No ano de 1963 foi criado o periódico Estudos Históricos, publicado pelo Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Letras de Marília. Estudos Históricos foi o primeiro periódico publicado em uma instituição universitária do interior do Estado de São Paulo. No primeiro ano de existência, sua publicação foi semestral e nos anos posteriores passaria a ser anual. No final da década de 1960, surgirá uma outra revista que irá seguir as mesmas características da revistas Estudos Históricos. Esta revista será Anais de História que terá seu primeiro número publicado em 1968-69. Essa revista será publicada anualmente pelo Departamento de História da Faculdade de Ciências e Letras de Assis.
Antes da criação das Revistas Estudos Históricos e Anais de História, a Revista de História, fundada no ano de 1950, foi o primeiro periódico produzido dentro de uma instituição universitária dedicada aos estudos históricos no Brasil. Anteriormente à criação da Revista de História, haviam outros periódicos dedicados ao tema História. Esses periódicos foram produzidos primeiramente pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) que publicou sua primeira revista em 1868. Posteriormente, há as publicações dos periódicos dos Institutos Históricos e Geográficos regionais, como o de São Paulo, que publicou o primeiro numero de sua revista em 1895.
Na Revista de História, diferente dos periódicos dos Institutos Históricos e Geográficos, havia permanente contato com especialistas estrangeiros que colaboravam com seus artigos. Assim, esse periódico foi o primeiro no Brasil a dedicar-se à história de maneira geral, publicando artigos, resenhas, conferências que abordavam os períodos: antigo, medieval, moderno e contemporâneo. Essa forma de abordar a História não existia anteriormente nos periódicos produzidos pelos Institutos Históricos e Geográficos, pois a preocupação dessas instituições e seus periódicos era a de produzir e divulgar estudos exclusivamente voltados aos temas nacionais.